Centelha

Ecoboard – uma certificação para pranchas sustentáveis 

Difícil precisar quando o surfe começou a ser praticado, mais do que um esporte, um estilo de vida. Sua prática leva a um estreito contato com a natureza, compreendendo e respeitando os limites que nos impõe. Inicialmente praticada com pranchas feitas com materiais encontrados na natureza como a madeira, com o passar dos anos, para otimizar não só a sua produção (já que o número de praticantes aumenta todos os anos), mas também a performance, introduziu-se materiais sintéticos como as espumas de poliuretano ou poliestireno, fibra de vidro e resina (epóxi ou poliéster). Materiais que possibilitam uma variedade de formas, trazendo também uma grande leveza se comparada com as pranchas de madeira, permitindo aos surfistas explorarem uma gama enorme de manobras.

Prancha Ecoboard de madeira Ventana – © VENTANA

Prancha Ecoboard de madeira Ventana – © VENTANA

Materiais sintéticos

Os materiais mais utilizados na produção das pranchas são bastante poluentes. As espumas, apesar de inertes, no seu processo de fabricação liberam grande quantidade CO2, além de outros gases que contribuem para o efeito estufa. Na década de 90, esse processo de produção era ainda mais poluente, utilizava-se o gás CFC, que reduzia a camada de ozônio da atmosfera contribuindo para o aquecimento global. A fibra de vidro que, junto com a resina (epóxi ou poliéster), além da longarina, dão resistência à prancha.

Prancha Notox Ripley com tecnologia greenOne® que utiliza fibras naturais de linho – © Notox

A fibra vem da areia, mas até virar a fibra de vidro, passa por diversos tratamentos com materiais pesados como o cromo. A fibra de vidro é misturada com uma resina de poliéster, usada em conjunto um solvente muito corrosivo (estireno). Esse solvente é cancerígeno e classificado como composto orgânico volátil (VOC, na sigla em inglês). A exposição aos VOCs pode causar dor de cabeça, irritação dos olhos, nariz e garganta, falta de ar, alergia cutânea, fadiga, tonturas entre outros males. A longa exposição pode causar danos ao fígado e ao sistema nervoso central. Para piorar, na produção das pranchas, cerca de 50 a 70% da matéria-prima é desperdiçada e, como já falado, esses dejetos são tóxicos e danosos ao meio ambiente.

Em 2010 (a Centelha ainda não existia), publicamos com a editora alemã Taschen, o livro Product Design in the Sustainable Era onde mostramos a prancha desenvolvida pelo engenheiro de materiais (e surfista) Daniel Aranha para o Instituto-e, que buscava melhorar os processos de produção e os materiais utilizados. A e-board, produzida com materiais naturais e reciclados, não-dependentes da extração de petróleo ou de outra matéria-prima de origem mineral, solvente à base de água, tintas feitas com corantes naturais e orgânicos. O projeto foi um dos premiados no IF Design (2012) na categoria Outdoor, Sports & Leisure.

Foto de Eduardo Varela

Pranchas sustentáveis

Com a intenção de minimizar os impactos da produção das pranchas de surfe, o Ecoboard Project desenvolveu o seu selo ecológico focado na redução da pegada de carbono, aumentando o uso (e reuso) de insumos renováveis e reciclados, reduzindo a toxicidade no processo de produção das pranchas de surfe.

Rob Machado com a Firewire Seaside Ecoboard – © FIREWIRE

Kelly Slater com a Firewire Gamma Ecoboard – © FIREWIRE

O Ecoboard Project teve início em 2012 com o objetivo de ajudar os surfistas a fazerem melhores escolhas de compra de pranchas. O projeto foi endossado pela Associação dos Fabricantes da Indústria do Surfe – SIMA (Surf Industry Manufacturers Association) em 2013 como padrão para construtores de pranchas e surfistas. O programa da Ecoboard também inclui o apoio aos construtores de pranchas na mudança para materiais e tecnologias mais sustentáveis.

Número de Ecoboards vendidas por ano – © ECOBOARD

Comparativo entre pranchas Ecoboards e “poly”(espuma) quanto à emissão de CO2 – © ECOBOARD

De acordo com o último relatório anual da Ecoboard publicado (2018), foram 64 mil pranchas com o selo Ecoboard, produzidas por mais de 200 marcas em 20 países ao redor do mundo. Com esses números de 2018, o total (desde 2012) ultrapassa 200 mil pranchas e o ritmo de crescimento continua alto.

© ECOBOARD

Os selos

Existem dois selos, o Ecoboard Level One e o Ecoboard Gold Level, onde são verificados o uso do que eles chamam de Qualified Materials (materiais qualificados), uma lista de materiais/fornecedores previamente verificados e qualificados dentro de critérios específicos para a redução das emissões de CO2, uso de materiais renováveis/reciclados e uso de materiais e processos que reduzem a toxicidade durante o processo de manufatura.

Selo Level One e selo Gold LEvel – © ECOBOARD

Dentre as marcas que possuem o selo Ecoboard temos: a Firewire, Lost, Channel Islands, Ventana, Awesome, Notox, Superbrand, Starboardsup entre outras.

Modelos Firewire Ecoboards – © FIREWIRE

Modelo Seaside Woolight da Firewire que utiliza lã de ovelhas para diminuir a quantidade de fibra de vidro – © FIREWIRE

Rob Machado e uma prancha Seaside Woolight e Pacha Light com uma Go Fish Woolight (que utilizam lã de ovelhas para diminuir a quantidade de fibra de vidro) – © FIREWIRE

 

FONTE(S):

Ecoboard Project

Firewire Surfboards

Ventana Surfboards

Notox Surfboards

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