Heliogen – a 1.000°C

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Heliogen, como eles mesmos se descrevem, é uma empresa de energia limpa que tem como (grande) objetivo eliminar a necessidade de combustíveis fósseis em todos os setores da economia. Como missão, criar a primeira tecnologia do mundo capaz de substituir comercialmente os combustíveis fósseis em processos industriais sem a emissão de carbono, através do sol, atingindo altíssimas temperaturas e transformando em combustível, incluindo o hidrogênio em escala. Nada fácil, hein?

Diferentemente dos painéis fotovoltaicos, a tecnologia da Heliogen concentra a luz solar utilizando inteligência artificial (AI) para alinhar uma grande variedade de espelhos e refletir a luz do sol em um alvo, criando uma fonte de calor quase três vezes mais intensa que os sistemas solares comerciais anteriores.

Recentemente (19 de novembro de 2019) anunciaram que conseguiram chegar à marca de 1.000°C (comercialmente pela primeira vez) em evento realizado nas suas instalações comerciais em Lancaster, Califórnia. Até então, os sistemas solares térmicos de concentração (uso comercial) eram capazes de atingir temperaturas de “apenas” 565°C, úteis para geração de energia, mas insuficientes para muitos processos industriais. Muitos desses processos exigem temperaturas muito mais altas, tradicionalmente atingidas pela queima de combustíveis fósseis.

Com essa temperatura (1.000°C), a Heliogen pode substituir o uso de combustíveis fósseis em processos industriais pesados como o da produção de cimento, aço e do setor petroquímico.

O cimento é a terceira maior fonte de emissões do mundo, atrás do petróleo e do carvão, e a tendência é de crescimento devido à urbanização nos países em desenvolvimento e ao crescimento econômico. (Fonte: The Guardian)

A seguir a trilha planejada desta tecnologia para chegar aos 1.500°C, será possível executar a separação de CO₂ e a separação de água para produzir combustíveis 100% livres de fósseis, como hidrogênio ou o syngas (gás de síntese, um combustível que compreende uma mistura de hidrogênio e monóxido de carbono.).

Destaques desta tecnologia:

Provada cientificamente – Desenvolvida por cientistas e engenheiros da Caltech (Instituto de Tecnologia da Califórnia), MIT e outras importantes instituições.

Escalável – Pode ser dimensionado de tamanhos tão baixos quanto 1 MW a vários gigawatts.

Sustentável – Usa a luz solar, fonte infinitamente renovável.

Custo-benefício – Melhora a economia em relação aos combustíveis fósseis e evita o CO₂.

Entre os financiadores (backers) da Heliogen estão:

Swaroop ‘Kittu’ Kolluri da Neotribe Ventures – Kittu, como é mais conhecido, é um veterano do Vale do Silício, com mais de 30 anos como empreendedor e capitalista de risco, fundou a Neotribe para formar parcerias e ajudar empresas com tecnologias inovadoras;
Patrick Soon-Shiong da Nant Capital – Soon-Shiong é doutor em medicina e presidente/CEO da NantWorks, LLC. É médico, cirurgião, cientista, inventor e filantropo, dedica a sua carreira à criação de inovações com potencial para causar impacto global;
Steve Case do fundo Revolution’s Rise of the Rest – Steve Case é presidente e CEO da Revolution, um dos empresários mais conhecidos dos Estados Unidos, um pioneiro em tornar a Internet parte da vida cotidiana. Autor do livro The Third Wave: An Entrepreneur’s Vision of the Future (A terceira onda: a visão de um empreendedor do futuro) e
Bill Gates (Gates Ventures) …

A Heliogen tem como alvo setores da economia que até agora eram impossíveis de descarbonizar de uma maneira comercialmente viável. Segundo dados da empresa, o setor industrial consome 32% da energia do mundo e, em 2018, teve o maior aumento de emissões nos Estados Unidos se comparado com qualquer outro setor econômico. O mundo enfrenta o que Bill Gates, chamou de “problema dos 75%”, referindo-se aos 75% da energia global consumida para usos não elétricos. Embora quase toda inovação em energia renovável, até o momento, tenha se aplicado apenas à geração de eletricidade, a maior parte do uso de energia do setor industrial é para aquecimento de processo, que geralmente requer temperaturas extremamente altas, que não são atingidas através da geração solar fotovoltaica e eólica, por exemplo. Com a tecnologia da Heliogen, a energia solar concentrada pode atingir comercialmente essas temperaturas pela primeira vez.

Recentemente, receberam o prêmio World Changing Ideas 2020, na categoria Energia, promovido pela revista americana Fast Company. Premiação que homenageia as empresas e organizações que impulsionam mudanças no mundo. Nesta edição receberam quase 3.000 inscrições, um recorde.