Citröen Ami – carro ou quadriciclo?
Com o aumento da poluição e dos congestionamentos, vemos ações sendo lançadas, principalmente nas grandes cidades, para tentar resolver ou minimizar esses impactos. Em Paris, a prefeita Anne Hidalgo, reeleita em junho (2020) com o apoio dos ecologistas, promete mais ciclovias e menos veículos poluentes nas ruas de Paris. Essa tendência vem crescendo, especialmente na Europa. Em Londres existe o chamado ULEZ – Ultra Low Emition Zone ou, em uma tradução livre, Zona de Emissões Ultra Baixas, que define locais da cidade onde é proibido trafegar com veículos que utilizam gasolina ou diesel, sendo permitidos apenas híbridos ou elétricos e, é claro, bicicletas. As multas para quem desobedece são bastante pesadas e, a partir de 2021, as áreas de restrição serão ampliadas. Por aqui, em São Paulo (há bastante tempo) temos o rodízio dos carros (baseado na numeração das placas).

Imagem de Walkerssk por Pixabay – © PIXABAY
Com estas restrições aumentando em vários lugares do mundo, as montadoras estão “quebrando” a cabeça para manterem e aumentarem as suas vendas, muitas vezes traçando novas estratégias. Digo “manterem” porque as vendas de automóveis vêm caindo sistematicamente. Segundo a ACEA (European Automobile Manufacturers’ Association), as vendas de automóveis novos na Europa caíram 24,1% em relação ao mesmo período do ano anterior (de junho de 2019 a junho de 2020). Em junho, com exceção da França (onde as vendas subiram 1,3% em razão dos incentivos do governo para os veículos de baixa emissão), todos os outros mercados europeus tiveram queda nas vendas. Na Alemanha, as vendas caíram 32,3; Espanha, 36,7%; Itália, 23,1%; Portugal 56,2%. O grupo Volkswagen experimentou uma queda de 25,9%; Renault, 16,3% e o Groupe PSA (Peugeot, Citröen, Opel entre outras marcas), 29,6%. O segmento de luxo também apresentou queda em junho: grupo Daimler (Marcedez-Benz, Smart) caindo 19,2% e BMW, 26,3%.
Com a pandemia, as previsões da IEA (International Energy Agency) não são nada animadoras. Com base nos dados de vendas de carros de janeiro a abril de 2020, a estimativa é de que o mercado de automóveis de passageiros contrairá 15% ao longo do ano de 2020 em relação ao de 2019.

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Ami
Com esses desafios pela frente, a francesa Citröen está trazendo para o mercado o Ami (“amigo” em português). Tecnicamente falando, o Ami não é um carro, está mais para um quadriciclo. Segundo informações da Citröen, o Ami é 100% elétrico, pode ser recarregado em 3 horas ligado à uma tomada comum de 220v (segundo a montadora, a mesma tomada que carrega um celular) e tem autonomia de 75 km (de acordo com padrões da WMTC – World Motorcycle Test Cycle).

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O Ami é ultracompacto, medindo apenas 2,41 m (comprimento) x 1,36 m (largura) x 1,52 m (altura), pesando 490 kg (com baterias), com espaço para dois passageiros. Para entendermos melhor, o modelo Logan (carro médio) da também francesa Renault, mede 4,35 m (comprimento) x 1,73 m (largura) x 1,57 m (altura). Possui motor elétrico de 6 kWh e velocidade máxima de 45 km/h. Conta ainda com 6 packs de acessórios coloridos disponíveis para a compra. Além do espaço para os dois passageiros, a Citröen informa que existe um “grande espaço de armazenamento para bagagem na frente do passageiro (64 litros), bem como 3 grandes espaços no painel e atrás do banco do motorista”. Possui freios a disco na frente e a tambor na parte traseira.

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Na França, com estas especificações, o Ami se enquadra em uma categoria que isenta o seu motorista de ter uma carteira de habilitação, se for nascido antes de 1988, e mais, a partir de 14 anos portando apenas um licença AM (“Apprenti motard”), que é uma licença para ciclomotores e quadriciclos. Em alguns países europeus esse limite sobe para 16 anos de idade.

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Algumas inovações estratégicas da Citröen para o Ami:
- Pontos de venda: pode ser adquirido pela internet, ou em lojas da FNAC ou da Darty (além da rede concessionária da Citröen). Como diz a própria montadora: “Ami é como um telefone, você pode comprar na FNAC”. Também pode ser encomendado pela internet com entrega na casa do comprador.
- Além da opção tradicional de compra (saindo por € 6.000), o pequeno pode ser alugado. Sem período mínimo de locação, o Ami estará disponível em duas opções de preços: sem assinatura, o aluguel custará € 0,39 por minuto, € 18 na primeira hora (e depois € 9 por hora adicional) e € 60 por dia; com uma assinatura mensal de € 9,90 e sem contrato, o aluguel custará € 0,26 por minuto, € 12 pela primeira hora (e depois € 6 por hora adicional) e € 40 pelo dia. Independentemente da duração da viagem, a tarifa mais vantajosa é automaticamente aplicada. Por exemplo, a partir dos 46 minutos de aluguel, a Free2Move aplica a tarifa pela hora que se torna mais vantajosa para o cliente. (Fonte: Groupe PSA)

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Com o Ami, a Citröen entra na briga no segmento de compartilhamento de automóveis em Paris. A cidade só permite veículos movidos a bateria nessas operações de compartilhamento, a briga agora está entre o Ami (na plataforma Free2Move, que também oferece o modelo Peugeot e-208), o Smart (Daimler) oferecido pela plataforma ShareNow e o Renault Zoe da plataforma Zity. A plataforma Free2Move faz parte do Groupe PSA, que também detém as marcas Citröen, Peugeot, Opel entre outras.
Com esse aumento das restrições impostas ao trânsito de veículos nos grandes centros urbanos, os serviços de compartilhamento de carros elétricos vêm se tornando uma tendência e, mais do que isso, um mercado mirado pelas montadoras.
Design
Com um desenvolvimento visando a otimização produtiva, o Ami tem uma aparência não muito comum, utilizando o princípio da simetria, frente e traseira são praticamente iguais, no lado do motorista a porta é do tipo “suicida” (abre para trás) enquanto a do passageiro abre no sentido convencional. O Ami deriva do projeto conceitual Ami One Concept, que foi apresentado no Salão de Genebra de 2019.

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Free2Move no Brasil
Em outubro de 2019 a PSA anunciou o lançamento da plataforma Free2Move no Brasil na Fenatran 2019, o principal evento voltado ao segmento de transporte rodoviário de cargas na América Latina, em São Paulo. O produto lançado (voltado para o público B2B) foi o Connect Fleet, uma solução de telemetria que ajuda os administradores de frotas a controlar e otimizar seus custos. Será que veremos em breve essas plataformas de compartilhamento no Brasil?

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