Centelha

ECOVATIVE – Cultivando materiais e o “meatless bacon”

Eben Bayer cresceu em uma fazenda de bordo em Vermont (EUA). Para acionar a caldeira, eles usavam lascas de madeira, foi assim que Bayer teve contato com o micélio – parte vegetativa de um fungo colônia bacteriana (vide Algas em impressoras 3D) – ou vulgarmente chamada de  “cola da natureza”. Nas lascas de madeira encontradas na fazenda brotavam cogumelos, devido ao micélio dos cogumelos, estas lascas ficavam fortemente grudadas. Com esta inspiração, Bayer se juntou a Gavin McIntyre e resolveram buscar maneiras de utilizá-lo como resina. Em uma aula na Rensselaer (Instituto Politécnico Rensselaer localizado em Troy, estado de NY), chamada Inventor’s Studio, eles formularam um novo processo para unir partículas isolantes, criando alguns materiais ​​que poderiam substituir o Styrofoam™ (mais conhecido com o Isopor). Ao invés de “simplesmente” diminuir o impacto ambiental das espumas de poliestireno, esta invenção criou um novo paradigma em que os materiais compostos são literalmente cultivados.

Gavin McIntyre e Eben Bayer – © ECOVATIVE

Foram fortemente incentivados por seu mentor e membro do corpo docente da Rensselaer, Burt Swersey, para quando se formarem, assumirem o risco de abandonarem seus empregos e a fundarem a empresa que viria a ser chamada de Ecovative. Com a ajuda da micologista Sue Van Hook, da Skidmore College (de Saratoga Springs, estado de NY), que após ter lido em um jornal local sobre as propriedades isolantes dos cogumelos, encontrou Bayer e McIntyre e forneceu a experiência necessária no cultivo de fungos. Fundaram então, seu primeiro laboratório na Rensselaer Business Incubator (incubadora de empresas da universidade) em 2007.

© ECOVATIVE

© ECOVATIVE

Sucesso inicial

Logo após a fundação da empresa, receberam pequenos investimentos da American Society of Mechanical Engineers – ASME (Associação Americana de Engenheiros Mecânicos) e da National Collegiate Inventors and Innovators Alliance – NCIIA (Aliança Nacional de Inventores e Inovadores Colegiados). Esses financiamentos iniciais foram utilizados para criar amostras iniciais do material. Essas amostras (“proof of concept”) foram crucias para que a empresa conseguisse novos investimentos, agora da New York State Energy Research and Development Authority – NYSERDA (Autoridade de Pesquisa e Desenvolvimento de Energia do Estado de Nova York) e da Environmental Protection Agency – EPA (Agência de Proteção Ambiental, órgão do governo americano) para desenvolverem mais produtos. Em 2008, a Ecovative conquistou o 1º lugar no Picnic Green Challenge (atualmente Postcode Lotteries Green Challenge), o que lhes rendeu US $ 500 mil. Desde então, ganharam outros prêmios e receberam também outros investimentos que permitiram à empresa continuar a crescer e acelerar a produção desses materiais revolucionários e ecológicos.

© ECOVATIVE

Em 2009, mudaram para um armazém de cerca de 930 m2 (atualmente com 3.250) em Green Island, Nova York. Em 2010, lançaram comercialmente a EcoCradle® Packaging, embalagens protetoras utilizadas pela Steelcase (grande empresa americana de móveis de escritório) em substituição à espuma de poliestireno.

Fábrica piloto – © ECOVATIVE

Torre Hy-Fi

Em 2014, o estúdio novaiorquino The Living* venceu a competição Young Architects Program promovida pelo MOMA PS1** com o projeto Hy-Fi, um ambiente físico (sustentável) que utilizou o material da Ecovative como blocos/tijolos de construção. Foram utilizados 10.000 tijolos compostáveis, resultando em uma torre de 13 metros de altura. Após os três meses previstos para o evento, a torre foi desmontada e os tijolos foram “devolvidos” ao solo de hortaliças de comunidades locais. Esse experimento bem-sucedido ofereceu uma nova possibilidade para futuras construções. A Arup (vide BIQ – o edifício movido a algas) forneceu a  engenharia estrutural para a “primeira torre de tijolos de cogumelos”.

*The Living (http://www.thelivingnewyork.com/) é um estúdio novaiorquino que combina pesquisa e prática, explorando novas ideias e tecnologias por meio de prototipagem. O trabalho do estúdio abrange a complexidade na interseção de ideias, tecnologias, materiais, cultura, humanos, não humanos e meio ambiente.

**O MoMA PS1(https://www.moma.org/ps1) é uma das maiores instituições de arte dos Estados Unidos dedicada exclusivamente à arte contemporânea. Está localizado no bairro de Long Island City, no bairro de Queens, em Nova York. Além de suas exposições, a instituição organiza o “Sunday Sessions performance series”, o “Warm Up summer music series” e o Young Architects Program em conjunto com Museum of Modern Art (MoMa). Fonte: Wikipedia

© THE LIVING

© THE LIVING

© THE LIVING

© THE LIVING

© ARUP

O material

Como já falamos, o micélio é o elemento-chave. Junto ao micélio são misturados resíduos que podem ser desde cascas de arroz, de algodão, de trigo sarraceno, de aveia até biomassa de restos de madeira. Funciona assim: primeiro os elementos são unidos (micélio e resíduos) depois, para dar forma, deposite os materiais em um molde; temos então a fase do “crescimento” onde é necessário apenas esperar (cerca de 5 dias), o micélio vai fazer todo o trabalho. No final, como era de se esperar, temos o produto.

© ECOVATIVE

© ECOVATIVE

Teste de chama – © ECOVATIVE

Os produtos

A Ecovative vem desenvolvendo produtos com propriedades específicas, até o momento são os seguintes:

MycoComposite™

Mushroom® Packaging, desenvolvida em 2007, é uma embalagem de proteção que substitui o isopor e outros materiais sintéticos que também cumprem este propósito. O material tem a certificação C2C Gold (Cradle to Cradle), órgão não-governamental que atesta produtos desenhados para uma economia circular.

Grow.bio (GIY – Grow It Yourself)

É uma plataforma que vende kits para você fazer em casa a sua própria peça.

GIY – Grow It Yourself – © ECOVATIVE

Krown

A Krown Design cria e vende seus próprios produtos de micélio no mercado europeu. É uma parceria com a Ecovative que permitiu espalhar o conhecimento da produção de micélio para a Europa e reduzir os custos de remessa para os clientes que moram lá.

© KROWN

MycoFlex™

Nada mais é do que a versão espuma, que pode ser customizada em uma grande variedade de aplicações, que vão de tecidos até produtos para o cuidado com a pele. Os resultados variam do “couro vegano”, à forros isolantes para roupas (ex: casacos) e até espumas utilizadas na limpeza de pele.

© ECOVATIVE

Atlast™

Por último, surpreendente, embora não devesse ser já que estamos falando de cogumelos, temos a plataforma Atlast™ (que agora é uma empresa independente, se chama Atlast Food Co.) com o produto chamado “meatless bacon” ou bacon sem carne. Sim, isso mesmo, um produto que mimetiza o bacon.

De acordo com o site da Atlast, o “meatless bacon” é “uma fonte completa de proteínas com todos os 9 aminoácidos, alto valor diário de fibras, vitaminas e minerais, vegano e não possui OGMs (organismos geneticamente modificados).

O próximo desafio se chama Atlast™ CellScaffold que tem como objetivo mimetizar vários tipos de diferentes texturas de carnes. Veremos cenas dos próximos capítulos.

© ATLAST

© ATLAST

© ATLAST

© ATLAST

 

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