Embalagens que desaparecem
O problema
Você já teve o prazer (ou seria desprazer) de desembrulhar um monte de presentes ganhos por uma criança aniversariante e ver de um lado uma pilha de papel, arames, elásticos, caixas, fitas (entre outros materiais) que, na maioria das vezes, é maior do que a pilha de presentes?
Um outro exemplo, bastante comum no setor de cosméticos e perfumaria, é o de pastas de dentes, que vêm dentro de uma caixa de cartão laminado e, quando você abre a caixa, se depara com um produto menor do que o da embalagem, ou seja, a embalagem poderia ser bem menor, não o é porque isso representa perder espaço de exposição da marca/produto na prateleira. Neste exemplo, a embalagem (caixa) chega a ser 20% maior do que o produto (tubo). Pensando apenas nesse número excedente, imagine, 20% de mais espaço ocupado não só na prateleira, mas nas embalagens de transporte, contêineres, peso, gastos com combustível, materiais etc. E estamos falando apenas de uma pasta de dente…
Os exemplos acima apenas tentam ilustrar que as embalagens dos produtos, por terem mais funções do que “apenas” protegerem os produtos para transporte, utilizam uma enorme quantidade de materiais que, depois de abertas, vão direto para o lixo.
Segundo a EPA (Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos), contêineres (caixas e outros materiais utilizados para transporte de bens/produtos) e embalagens representam a maior parte dos resíduos sólidos urbanos (MSW – Municipal Solid Waste), totalizando 80,1 milhões de toneladas (números de 2017 publicados em 2019), representando 29,9 milhões do total de resíduos gerado.
Pensando nisso, Aaron Mickelson (designer de Nova Iorque) desenvolveu sua tese de mestrado para o Pratt Institute em Design de Embalagens. Sua tese trata do conceito que chamou de “The Disappearing Package”, onde tenta eliminar as embalagens. Em alguns desses conceitos, Mickelson elimina totalmente a embalagem utilizando o próprio produto como embalagem e, em outros, reduz drasticamente a quantidade de material repensando o seu design.
Sacos de lixo Glad
Nos sacos de lixo, ao invés de ter uma embalagem externa, as informações do produto e a marca Glad são impressos (com tintas tradicionais à base de óleo) no último saco de lixo do rolo. O último saco é a própria embalagem, não deixando lixo extra. Atualmente, esse produto vem em uma caixa de papelão que, segundo Mickelson, pretende funcionar como um dispensador para os sacos, o que não acontece satisfatoriamente. Esta caixa, funcionando ou não como dispensador, vai para o lixo.
Sabão em barra Nivea
Para os sabões em barra que são vendidos em caixas de papel, a solução seria a utilização de um papel solúvel em água e com segurança séptica. Os consumidores levam o pacote inteiro para debaixo do chuveiro. Quando umedecida, a embalagem se dissolve, não deixando nenhum material extra para trás. Embora exemplificada com sabonetes Nivea, esta solução poderia ser utilizada por todas as marcas.
Tide PODs
Os Tide PODs são sachês com sabão que vêm em uma embalagem maior de plástico flexível que é descartada quando terminados os sachês. Neste conceito, os próprios sachês são unidos um a um e podem ser destacados através de picotes entre eles. Os sachês (além das tintas) são solúveis em água, sendo assim, podem ser colocados diretamente na máquina de lavar. Como são destacados e utilizados um a um, ao utilizar o último, não restará nenhum material excedente. Nos atuais Tide PODs, os sachês já são solúveis em água, mas não a sua embalagem primária.
Potes OXO
Atualmente, a identidade da marca e o material de comunicação são impressos em um pedaço de papel brilhante que é colocado dentro do pote. Após adquirir o produto, este impresso é jogado fora (já que não serve para mais nada). Na proposta de Mickelson todas as informações seriam impressas diretamente na superfície do pote com tintas solúveis em sabão.
Sacos de chá Twinings
Os saquinhos de chá Twinings (papel encerado), são grampeados em uma alça de papel com uma cordinha, um conjunto de saquinhos são embalados em uma caixa de papelão e selados em filme plástico. O filme plástico é jogado fora logo ao abrir a embalagem, a caixa de papel é jogada fora ao final dos saquinhos. Neste conceito (ideia semelhante à dos sachês da Tide), os saquinhos são embalados um a um, em um conceito de acordeão, as embalagens ficam lado a lado (coladas em pequenos pontos para evitar que o “acordeão se abra), o picote entre elas permite que sejam destacadas conforme o uso não necessitando de uma embalagem maior. Segundo Mickelson, essa proposta também aumenta a área disponível para a comunicação do produto e, como ele mesmo diz, ainda há resíduos de embalagem envolvidos (como provavelmente sempre será o caso das embalagens de alimentos), mas a quantidade foi reduzida.
FONTE(S):
https://disappearingpackage.com/
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