SunBox
Majd Mashharawi após se formar em engenharia civil em 2015, fundou a empresa GreenCake de blocos de construção feitos com escombros e cinzas (vide o post GreenCake). Com o seu projeto inovador, recebeu o prêmio Japan Gaza Innovation Challenge (2016). Em 2017, após receber na última hora a permissão de Israel para deixar a Faixa de Gaza, foi para o evento de premiação no Japão. Sair da Faixa de Gaza é para poucos, para Majd, o contraste de ver e usufruir de toda a tecnologia e energia elétrica a qualquer hora, em qualquer lugar a fez, mais uma vez, buscar uma solução para o problema da sua terra natal.
Sua solução foi abrir a SunBox, uma empresa com o objetivo de dar acesso à energia, fornecendo, entre outras coisas, kits solares acessíveis e fora da rede, para as famílias. A empresa importa e customiza sistemas solares de acordo com as necessidades de eletricidade das pessoas e suas limitações financeiras. Embora sua fundadora descreva a sua empresa como “com fins lucrativos”, devido à atual (e persistente) crise econômica, as famílias não podem pagar o preço total, por isso as instalações solares domésticas (1kw-3kw) são subsidiadas em até 50% usando as doações levantadas (através de financiamento coletivo como o feito na LaunchGood*, plataforma muçulmana). Por outro lado, a SunBox busca o lucro para se manter através do fornecimento de sistemas de alta capacidade para empresas e institutos, reinvestindo parte das receitas no modelo de subsídios.
* Na campanha “Bring light to Gaza” feita na LaunchGood foram levantados cerda de US $ 60 mil com 521 doadores da Ásia, EUA e Europa.
A Faixa de Gaza possui apenas uma usina de energia que, em 1999 (quando foi construída) gerou 140 megawatts, atualmente produz apenas 23 megawatts. O enclave importa 30 megawatts do Egito e 120 de Israel que representam menos de um terço das necessidades diárias da Faixa – estimadas em até 600 megawatts por dia.
Primeiros protótipos
Ainda no Japão, Majd fez contato com empresas chinesas que fabricam painéis solares de baixo custo e encomendou alguns protótipos para testes em Gaza. O início foi promissor quando (dezembro de 2017) o primeiro módulo foi instalado na casa de um líder de uma vila.
A notícia correu e os vizinhos quiseram saber como o morador daquela casa estava vendo um jogo de futebol em pleno horário de falta de energia. A notícia era a de que a “Sun Box” estava oferecendo às famílias carentes uma unidade solar suficiente para acender as luzes, ligar computadores e uma TV ou geladeira, tudo isso com um custo baixo. Os pedidos enfileiravam quando Israel fechou a fronteira de Kerem Shalom para intensificar a pressão sobre o Hamas. O fechamento durou semanas e a entrega da China com 185 coletores solares para Gaza ficou paralisada no porto de Ashdod. Quando finalmente conseguiram liberar os materiais, painéis, baterias e unidades de energia, cada um em momentos separados, os clientes já haviam cancelado seus pedidos dizendo que não tinham mais dinheiro.
A solução
Mais uma vez se deparando com problemas (quase) insolúveis, Majd e sua equipe tiveram a brilhante ideia de dividir um kit solar entre duas famílias vizinhas além do subsídio de US $ 100. Com muito apoio, especialmente de mulheres (cansadas de terem que jogar fora alimentos – que já são poucos – e que estragam com a falta de energia, de terem que acordar durante a madrugada para poderem utilizar a máquina de lavar entre outras situações adversas) que pressionam os seus maridos para adquirirem o kit da SolarBox.
Com preço de US $ 350 (£ 288), o kit solar gera eletricidade para uma variedade de dispositivos, como lâmpadas, telefones, TVs e até pequenos refrigeradores, além de conexões à Internet para cerca de 600 famílias que conseguiram adquiri-lo.
Utilizando um sistema híbrido que carrega uma bateria dedicada, o kit fornece três horas de eletricidade por dia a 1 kWh. O sistema SunBox foi projetado para ser conectado e carregado com energia solar, possui 5 saídas sendo duas de 220V, duas de 9v e uma USB além de uma bateria de gel 100AH com gerenciamento inteligente.
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